O método científico pode variar de acordo com a
ciência, mas o que é atualmente usado, principalmente pelas ciências da
natureza, foi derivado do trabalho de vários filósofos, como Francis Bacon e René Descartes, e de
cientistas como Galileu Galilei, Isaac Newton entre outros, que com suas
contribuições foram decisivos para a estruturação daquilo que chamamos hoje de
ciência moderna.
Em seus
estudos e pesquisas, estiveram sempre preocupados em construir um método, o
mais adequado possível, para o entendimento da realidade, método este que fosse
pautado na racionalidade.
O inglês
Francis Bacon (1561-1626) é considerado um dos fundadores da ciência
moderna, ele foi o responsável por desenvolver o método empírico de pesquisa
cientifica, onde a razão fica subordinada a experimentação. Bacon propõem o
raciocínio indutivo ou indução, que vai do particular para o geral e onde “o
objetivo dos argumentos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo
do que o das premissas nas quais se basearam” (LAKATOS, 1991 p.47), para se
chegar ao conhecimento científico.
Para Bacon o conhecimento científico tem por
finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza. Segundo Bacon o
método empírico-indutivo deve seguir os seguintes passos: experimentação,
formulação de hipóteses, repetição, testagem das hipóteses, e formulação de
generalizações e leis.
Segundo LAKATOS (1991, p.44), o tipo de
experimentação proposto por Bacon é denominado de coincidências constantes
onde: Parte da constatação de que o aparecimento de um fenômeno tem uma causa
necessária e suficiente, isto é, em cuja presença o fenômeno ocorrerá sempre e
em cuja ausência nunca se produzirá. Por esse motivo, o antecedente causal de
um fenômeno está unido a ele por intermédio de uma relação de sucessão,
constante e invariável. Discernir o antecedente que está sendo unido ao
fenômeno é determinar experimentalmente sua causa ou lei. Dessa forma, o método
das coincidências constantes postula: aparecendo a causa, dá-se o fenômeno;
retirando-se a causa, o efeito não ocorre; variando-se a causa, o efeito
altera-se. Para garantir a anotação correta das fases da experimentação, Bacon
sugere a utilização de três tábuas: tábua de presença, circunstâncias em que se
produz o fenômeno; tábua de ausência, situações em que o fenômeno não se
produz; tábua dos graus, casos em que o fenômeno varia de intensidade e variam
também todos os antecedentes.
Francis Bacon elaborou uma classificação das ciências
da seguinte forma, dividindo-as em três grupos: 1.a poesia ou ciência da
imaginação; 2.História ou ciência da memória;
3.Filosofia ou ciência da razão. A
História é subdividida em Natural e Civil, já a Filosofia é subdividida em: Filosofia
da Natureza e Antropologia.
René Descartes
O francês
René Descartes (1596-1650) é conhecido como o “fundador da filosofia
moderna”. É considerado Também um dos principais pensadores da história do
pensamento ocidental, dele e de Isaac Newton, deriva o nome do paradigma
dominante no mundo ocidental moderno conhecido como mecanicismo ou paradigma
newtoniano cartesiano. Dele é também a responsabilidade pela separação entre
mente (res cogitans) e a matéria (res extensa), que segundo TEIXEIRA (2005,
p.97) “Com base nessa divisão, as ciências humanas dedicaram-se à mente; e as
naturais à matéria”.
Em sua obra Discurso sobre o método, Descartes
propõem diferentemente de pensadores como Bacon e Galileu, que propunham a
indução, a utilização do método dedutivo, construção que parte do geral para o
particular, “... é a argumentação que torna explícitas verdades particulares
contidas em verdades universais...” (CERVO, 2007 p.46), tendo por base a
matemática; e utiliza a análise, que constitui-se no processo de decomposição
do objeto em seus componentes básicos, para posteriormente reconstruí-lo através
da síntese, processo que leva à reconstituição do todo que foi decomposto pela
análise.
O método cartesiano pode também ser chamado de
método racionalista ou ainda hipotético dedutivo e nele são postuladas quatro
regras fundamentais: a da evidência; a da análise; a da síntese; e a da
enumeração.
Descartes usando seu método de pensamento
analítico, ele tentou apresentar uma descrição precisa de todos os fenômenos
naturais num único sistema de princípios mecânicos. Sua ciência pretendia ser
completa, e o conhecimento que ofereceu tinha a intenção de fornecer uma
certeza matemática absoluta. Descartes, é claro, não pôde executar esse plano
ambicioso, e ele próprio reconheceu que sua ciência era incompleta. Mas seu
método de raciocínio e as linhas gerais da teoria dos fenômenos naturais que
forneceu, embasaram o pensamento científico ocidental durante três séculos.
Galileu Galilei
O florentino Galileu Galilei (1564-1642) foi o
primeiro teórico do método experimental. O método empírico defendido por
Galileu constitui uma ruptura com o método aristotélico mais abstrato, que
busca a essência íntima das substâncias individuais, devido a isso, Galileu é
considerado o "pai da ciência moderna".
Para Galileu o objetivo das investigações deve ser
o conhecimento da lei que preside os fenômenos, e não a essência íntima dos
mesmos. Além disso, o foco principal da ciência não deve ser a qualidade, mas
sim as relações quantitativas.
O método de Galileu é conhecido como indução
experimental e consiste nos seguintes passos: observação dos fenômenos, análise
dos elementos constitutivos do fenômeno, indução de certo número de hipóteses,
verificação das hipóteses, generalização dos resultados, e confirmação das
hipóteses.
Galileu propõe a renovação da ciência de sua época
abandonando a confiança na autoridade, no senso comum e na tradição. Busca uma
ciência livre de tudo aquilo que a prende tanto a cultura como a teologia. Para
ele os textos da tradição filosófica ou teológica não devem servir para
responder as questões científicas. As questões científicas devem ser
confirmadas ou refutadas através da experiência e da observação feitas
diretamente sobre o objeto que está sendo examinado. Não podemos desprezar o
conhecimento que a natureza nos oferece de forma direta em benefício de textos
sagrados ou filosóficos que discordam dessa observação.
Para Galileu
a natureza é o livro da ciência e para ler esse livro necessitamos da
experiência direta sobre a natureza, é nessa experiência que encontraremos a
verdade. A natureza não nos engana, nós é que podemos nos enganar se não a
observarmos de forma correta e com os instrumentos necessários a essa
observação. A experiência não é somente a observação da natureza a experiência
para conhecer a natureza tem que ser um experimento, uma experiência
construída, programada, organizada, com um objetivo próprio, que é o de
confirmar ou refutar uma hipótese. A construção do experimento depende de uma
teoria que vai fundamentá-lo. Galileu procura também separar ciência da
religião. Ciência e fé não interferem uma na outra, pois ambas trabalham em
planos diferentes. A fé trabalha e fala de um plano metafísico do mundo,
enquanto que a ciência age sobre o mundo físico. Galileu faz a comparação de
que no mundo existem dois livros com o objetivo de revelarem a mesma verdade,
mas de forma diferente. O primeiro livro é a Bíblia que busca a salvação e a
redenção das almas e cujos escritos científicos são simplificados e próprios
para o entendimento do povo. A natureza é o segundo livro que para ser
interpretado tem que ser lido de forma científica e objetiva. Os dois livros
são obras de um único Autor e por isso mesmo não podem ser contraditórios.
Isaac Newton
O inglês
Isaac Newton (1643-1727) considerado um dos maiores gênios da história
universal, publicou sua obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica ou
Principia, em 1687, que é considerada uma das mais influentes em história da
ciência. Nela descreve a lei da gravitação universal e as suas três leis que
fundamentaram a mecânica clássica. Foi também aquele deu vida ao sonho de
Descartes completando a Revolução Científica.
Newton foi o grande sintetizador das obras de
Copérnico, Kepler, Bacon, Galileu e Descartes, desenvolvendo uma formulação
matemática da concepção mecanicista da natureza. A partir dele estava
plenamente estabelecido o paradigma mecanicista ou newtoniano-cartesiano.
Com relação ao método científico, Newton, agrega o
método empírico-indutivo e o racionalista-analítico-dedutivo, e vai além.
Segundo CAPRA (2006, p.59):
Antes de Newton, duas tendências opostas orientavam
a ciência seiscentista: o método empírico, indutivo, representado por Bacon, e
o método racional, dedutivo, representado por Descartes. Newton, em seus
Principia, introduziu a combinação apropriada de ambos os métodos, sublinhando
que tanto os experimentos sem interpretação sistemática quanto a dedução a
partir de princípios básicos sem evidência experimental não conduziriam a uma
teoria confiável. Ultrapassando Bacon em sua experimentação sistemática e
Descartes em sua análise matemática, Newton unificou as duas tendências e
desenvolveu a metodologia em que a ciência natural passou a basear-se desde
então.
Esses precursores do método científico defendiam
que a busca pelo conhecimento deveria basear-se em experimentações e lógicas
matemáticas, com medições bem precisas e exatas, bem como com a repetição
intensiva de vários experimentos para provar as ideias.
As principais etapas do método científico seguidas
em geral são:
Observação
Leva o observador ao levantamento de questões que
precisam ser estudadas. Essa observação pode ser a olho nu ou com a utilização
de instrumentos de maior precisão, como microscópios.
Por exemplo, a combustão ou queima de determinados
materiais é um fenômeno muito observado pelo ser humano. Lavoisier decidiu
pesquisar alguns fenômenos relacionados com a combustão que intrigavam os
pesquisadores, como o que era necessário para que a combustão ocorresse.
Hipótese
Na tentativa de responder às questões levantadas na
observação, o cientista propõe hipóteses, isto é, afirmações prévias para
explicar os fenômenos. Essas hipóteses podem ser comprovadas ou descartadas na
próxima etapa.
Considerando o exemplo do estudo da combustão, uma
hipótese levantada seria a de que a queima só ocorreria quando o combustível
(material inflamável) estivesse na presença do oxigênio.
Experiências
Consistem em vários testes realizados para
comprovar a hipótese. As experimentações são realizadas de forma bem
criteriosa, envolvendo aspectos qualitativos e quantitativos. Todos os dados
obtidos e etapas do experimento são anotados e repetidos. Aspectos que possam
interferir e levar a novas hipóteses são incluídos. Por exemplo, no caso da
combustão, seria necessário realizar experimentos na presença e na ausência de
oxigênio, a massa dos materiais da reação deveria ser pesada no início e no
final, além de ser necessária a realização de vários experimentos envolvendo
outros gases para verificar se eles também eram responsáveis pela combustão.
Lei
Com os experimentos repetidamente
realizados e comprovados, o cientista pode chegar a conclusões. Se os
resultados levam a alguma generalização, ou seja, se eles repetem-se, o
cientista formula uma lei científica. A lei descreve uma sequência de eventos
que ocorrem de forma uniforme e invariável, ou seja, é um enunciado que explica
o fenômeno, mas não explica por que ele ocorre.
No exemplo da combustão, Lavoisier descobriu o
oxigênio, e os resultados de seus experimentos levaram à conclusão de que “a
combustão só ocorre na presença de oxigênio”, essa é uma lei.
Teoria
É o conjunto de afirmações consideradas válidas
pela comunidade científica para explicar a lei, é o porquê do fenômeno descrito
pela lei.
Em tese, o método experimental se caracteriza pelas
seguintes etapas: observação, hipótese, experimentação, generalização (lei e
teoria), na prática a ordem pode variar de acordo com as circunstâncias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário