Novo Horizonte do Sul

27/05/2017

MÉTODO EXPERIMENTAL: BACON, DESCARTES, GALILEU e NEWTON.

O método científico pode variar de acordo com a ciência, mas o que é atualmente usado, principalmente pelas ciências da natureza, foi derivado do trabalho de vários filósofos, como Francis Bacon e René Descartes, e de cientistas como Galileu Galilei, Isaac Newton entre outros, que com suas contribuições foram decisivos para a estruturação daquilo que chamamos hoje de ciência moderna.
 Em seus estudos e pesquisas, estiveram sempre preocupados em construir um método, o mais adequado possível, para o entendimento da realidade, método este que fosse pautado na racionalidade.
Francis Bacon

O inglês Francis Bacon (1561-1626) é considerado um dos fundadores da ciência moderna, ele foi o responsável por desenvolver o método empírico de pesquisa cientifica, onde a razão fica subordinada a experimentação. Bacon propõem o raciocínio indutivo ou indução, que vai do particular para o geral e onde “o objetivo dos argumentos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam” (LAKATOS, 1991 p.47), para se chegar ao conhecimento científico.
Para Bacon o conhecimento científico tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza. Segundo Bacon o método empírico-indutivo deve seguir os seguintes passos: experimentação, formulação de hipóteses, repetição, testagem das hipóteses, e formulação de generalizações e leis.
Segundo LAKATOS (1991, p.44), o tipo de experimentação proposto por Bacon é denominado de coincidências constantes onde: Parte da constatação de que o aparecimento de um fenômeno tem uma causa necessária e suficiente, isto é, em cuja presença o fenômeno ocorrerá sempre e em cuja ausência nunca se produzirá. Por esse motivo, o antecedente causal de um fenômeno está unido a ele por intermédio de uma relação de sucessão, constante e invariável. Discernir o antecedente que está sendo unido ao fenômeno é determinar experimentalmente sua causa ou lei. Dessa forma, o método das coincidências constantes postula: aparecendo a causa, dá-se o fenômeno; retirando-se a causa, o efeito não ocorre; variando-se a causa, o efeito altera-se. Para garantir a anotação correta das fases da experimentação, Bacon sugere a utilização de três tábuas: tábua de presença, circunstâncias em que se produz o fenômeno; tábua de ausência, situações em que o fenômeno não se produz; tábua dos graus, casos em que o fenômeno varia de intensidade e variam também todos os antecedentes.
Francis Bacon elaborou uma classificação das ciências da seguinte forma, dividindo-as em três grupos: 1.a poesia ou ciência da imaginação; 2.História ou ciência da memória;  3.Filosofia ou ciência da razão.  A História é subdividida em Natural e Civil, já a Filosofia é subdividida em: Filosofia da Natureza e Antropologia.
René Descartes

O francês René Descartes (1596-1650) é conhecido como o “fundador da filosofia moderna”. É considerado Também um dos principais pensadores da história do pensamento ocidental, dele e de Isaac Newton, deriva o nome do paradigma dominante no mundo ocidental moderno conhecido como mecanicismo ou paradigma newtoniano cartesiano. Dele é também a responsabilidade pela separação entre mente (res cogitans) e a matéria (res extensa), que segundo TEIXEIRA (2005, p.97) “Com base nessa divisão, as ciências humanas dedicaram-se à mente; e as naturais à matéria”.
Em sua obra Discurso sobre o método, Descartes propõem diferentemente de pensadores como Bacon e Galileu, que propunham a indução, a utilização do método dedutivo, construção que parte do geral para o particular, “... é a argumentação que torna explícitas verdades particulares contidas em verdades universais...” (CERVO, 2007 p.46), tendo por base a matemática; e utiliza a análise, que constitui-se no processo de decomposição do objeto em seus componentes básicos, para posteriormente reconstruí-lo através da síntese, processo que leva à reconstituição do todo que foi decomposto pela análise.
O método cartesiano pode também ser chamado de método racionalista ou ainda hipotético dedutivo e nele são postuladas quatro regras fundamentais: a da evidência; a da análise; a da síntese; e a da enumeração.
Descartes usando seu método de pensamento analítico, ele tentou apresentar uma descrição precisa de todos os fenômenos naturais num único sistema de princípios mecânicos. Sua ciência pretendia ser completa, e o conhecimento que ofereceu tinha a intenção de fornecer uma certeza matemática absoluta. Descartes, é claro, não pôde executar esse plano ambicioso, e ele próprio reconheceu que sua ciência era incompleta. Mas seu método de raciocínio e as linhas gerais da teoria dos fenômenos naturais que forneceu, embasaram o pensamento científico ocidental durante três séculos.
Galileu Galilei

O florentino Galileu Galilei (1564-1642) foi o primeiro teórico do método experimental. O método empírico defendido por Galileu constitui uma ruptura com o método aristotélico mais abstrato, que busca a essência íntima das substâncias individuais, devido a isso, Galileu é considerado o "pai da ciência moderna".
Para Galileu o objetivo das investigações deve ser o conhecimento da lei que preside os fenômenos, e não a essência íntima dos mesmos. Além disso, o foco principal da ciência não deve ser a qualidade, mas sim as relações quantitativas.
O método de Galileu é conhecido como indução experimental e consiste nos seguintes passos: observação dos fenômenos, análise dos elementos constitutivos do fenômeno, indução de certo número de hipóteses, verificação das hipóteses, generalização dos resultados, e confirmação das hipóteses.
Galileu propõe a renovação da ciência de sua época abandonando a confiança na autoridade, no senso comum e na tradição. Busca uma ciência livre de tudo aquilo que a prende tanto a cultura como a teologia. Para ele os textos da tradição filosófica ou teológica não devem servir para responder as questões científicas. As questões científicas devem ser confirmadas ou refutadas através da experiência e da observação feitas diretamente sobre o objeto que está sendo examinado. Não podemos desprezar o conhecimento que a natureza nos oferece de forma direta em benefício de textos sagrados ou filosóficos que discordam dessa observação.
 Para Galileu a natureza é o livro da ciência e para ler esse livro necessitamos da experiência direta sobre a natureza, é nessa experiência que encontraremos a verdade. A natureza não nos engana, nós é que podemos nos enganar se não a observarmos de forma correta e com os instrumentos necessários a essa observação. A experiência não é somente a observação da natureza a experiência para conhecer a natureza tem que ser um experimento, uma experiência construída, programada, organizada, com um objetivo próprio, que é o de confirmar ou refutar uma hipótese. A construção do experimento depende de uma teoria que vai fundamentá-lo. Galileu procura também separar ciência da religião. Ciência e fé não interferem uma na outra, pois ambas trabalham em planos diferentes. A fé trabalha e fala de um plano metafísico do mundo, enquanto que a ciência age sobre o mundo físico. Galileu faz a comparação de que no mundo existem dois livros com o objetivo de revelarem a mesma verdade, mas de forma diferente. O primeiro livro é a Bíblia que busca a salvação e a redenção das almas e cujos escritos científicos são simplificados e próprios para o entendimento do povo. A natureza é o segundo livro que para ser interpretado tem que ser lido de forma científica e objetiva. Os dois livros são obras de um único Autor e por isso mesmo não podem ser contraditórios.
Isaac Newton

O inglês Isaac Newton (1643-1727) considerado um dos maiores gênios da história universal, publicou sua obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica ou Principia, em 1687, que é considerada uma das mais influentes em história da ciência. Nela descreve a lei da gravitação universal e as suas três leis que fundamentaram a mecânica clássica. Foi também aquele deu vida ao sonho de Descartes completando a Revolução Científica.
Newton foi o grande sintetizador das obras de Copérnico, Kepler, Bacon, Galileu e Descartes, desenvolvendo uma formulação matemática da concepção mecanicista da natureza. A partir dele estava plenamente estabelecido o paradigma mecanicista ou newtoniano-cartesiano.
Com relação ao método científico, Newton, agrega o método empírico-indutivo e o racionalista-analítico-dedutivo, e vai além.
Segundo CAPRA (2006, p.59):
Antes de Newton, duas tendências opostas orientavam a ciência seiscentista: o método empírico, indutivo, representado por Bacon, e o método racional, dedutivo, representado por Descartes. Newton, em seus Principia, introduziu a combinação apropriada de ambos os métodos, sublinhando que tanto os experimentos sem interpretação sistemática quanto a dedução a partir de princípios básicos sem evidência experimental não conduziriam a uma teoria confiável. Ultrapassando Bacon em sua experimentação sistemática e Descartes em sua análise matemática, Newton unificou as duas tendências e desenvolveu a metodologia em que a ciência natural passou a basear-se desde então.

Esses precursores do método científico defendiam que a busca pelo conhecimento deveria basear-se em experimentações e lógicas matemáticas, com medições bem precisas e exatas, bem como com a repetição intensiva de vários experimentos para provar as ideias.

As principais etapas do método científico seguidas em geral são:

Observação
Leva o observador ao levantamento de questões que precisam ser estudadas. Essa observação pode ser a olho nu ou com a utilização de instrumentos de maior precisão, como microscópios.
Por exemplo, a combustão ou queima de determinados materiais é um fenômeno muito observado pelo ser humano. Lavoisier decidiu pesquisar alguns fenômenos relacionados com a combustão que intrigavam os pesquisadores, como o que era necessário para que a combustão ocorresse.
Hipótese
Na tentativa de responder às questões levantadas na observação, o cientista propõe hipóteses, isto é, afirmações prévias para explicar os fenômenos. Essas hipóteses podem ser comprovadas ou descartadas na próxima etapa.

Considerando o exemplo do estudo da combustão, uma hipótese levantada seria a de que a queima só ocorreria quando o combustível (material inflamável) estivesse na presença do oxigênio.

Experiências
Consistem em vários testes realizados para comprovar a hipótese. As experimentações são realizadas de forma bem criteriosa, envolvendo aspectos qualitativos e quantitativos. Todos os dados obtidos e etapas do experimento são anotados e repetidos. Aspectos que possam interferir e levar a novas hipóteses são incluídos. Por exemplo, no caso da combustão, seria necessário realizar experimentos na presença e na ausência de oxigênio, a massa dos materiais da reação deveria ser pesada no início e no final, além de ser necessária a realização de vários experimentos envolvendo outros gases para verificar se eles também eram responsáveis pela combustão.
Lei
 Com os experimentos repetidamente realizados e comprovados, o cientista pode chegar a conclusões. Se os resultados levam a alguma generalização, ou seja, se eles repetem-se, o cientista formula uma lei científica. A lei descreve uma sequência de eventos que ocorrem de forma uniforme e invariável, ou seja, é um enunciado que explica o fenômeno, mas não explica por que ele ocorre.

No exemplo da combustão, Lavoisier descobriu o oxigênio, e os resultados de seus experimentos levaram à conclusão de que “a combustão só ocorre na presença de oxigênio”, essa é uma lei.

Teoria
É o conjunto de afirmações consideradas válidas pela comunidade científica para explicar a lei, é o porquê do fenômeno descrito pela lei.


Em tese, o método experimental se caracteriza pelas seguintes etapas: observação, hipótese, experimentação, generalização (lei e teoria), na prática a ordem pode variar de acordo com as circunstâncias.




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