Raça
Durante milhares de anos, os
seres humanos se dividiram em muitos grupos, formando sociedades com
características próprias. Durante milênios e séculos, persistiu a visão de que
sociedade humana é formada por grupos diferentes, cada um com características
físicas e intelectuais próprias, do que resultou a ideia de raça. Até as
primeiras décadas do século XX, a sociedade humana ainda era dividida por
muitos estudiosos em três raças: caucasoide;
negroide; e mongólica.
Raça Humana
Os critérios principais para
separar as pessoas nesses três grupos eram a cor da pele, o formato do nariz, o
tipo do cabelo, a estrutura do crânio, entre outros. O que esses estudiosos não
percebiam era que nem todas as populações do mundo se enquadram nesses três
grupos. Por exemplo: os povos do norte da África e do Oriente Médio apresentam
traços europeus, mas muitas pessoas dessas regiões apresentam pele escura e
cabelo crespo, o que aproxima dos negroides. Os indianos têm pele escura mas
cabelos lisos. Com o início do período
das grandes navegações, no final do século XV, inaugurando o processo de
globalização, essa mistura foi se tornando cada vez mais ampla e generalizada.
Fica praticamente impossível fazer uma clara classificação racial de qualquer
ser humano. Veja-se o caso dos negros e brancos no Brasil. Não existe a chamada
raça pura, baseada em características científicas definidas. Hoje está
firmemente estabelecido que existe uma única raça: a raça humana. Diante disso,
para os sociólogos, a expressão grupo racial é a mais adequada para diferenciar
grupos humanos distintos por suas características físicas. E isso varia de uma
sociedade para outra, pois cada sociedade atribui importância diferente a cada
característica física. Nos EUA, por exemplo, a cor da pele é uma característica
que tem muito mais importância que no Brasil. E a mistura entre os brancos e
negros não resulta em um terceiro grupo racial – o dos pardos – como no Brasil.
A sociedade moderna trouxe outra importante conquista: a identificação étnica
não parte de fora do indivíduo; ou seja; não existe uma classificação que
enquadra cada indivíduo em um grupo. Cada pessoa se autodefine e se
autoidentifica como pertencente a determinado grupo. É assim que a maioria das
sociedades procede nos censos demográficos, o Brasil inclusive. Cada grupo
racial geralmente é definido com base nas características físicas. Exemplos de
grupos raciais: os afrodescendentes brasileiros; brasileiros descendentes de
europeus; os indígenas do Brasil; os brancos americanos. Já o grupo humano que
incorpora elementos de sua origem cultural é designado como grupo étnico.
Grupo étnico
Os judeus constituem um exemplo
claro de grupo étnico. Originários da antiga Palestina, durante 2 mil anos se
espalharam por muitas regiões: Europa, norte da África, Oriente Médio, América.
Embora nem todos pratiquem a religião judaica, a maioria compartilha traços
culturais ancestrais, que passam de uma geração para outra. No grupo étnico, a
consciência de identidade é muito forte. Os membros de um grupo étnico veem-se
como diferentes da maioria da sociedade e são vistos também como diferentes. Muitos grupos étnicos migraram para outro país
ou foram conquistados por um povo invasor. Vimos o caso dos judeus. O
sentimento de identidade dos membros de um grupo étnico geralmente se forma
pela necessidade de superar dificuldades no novo território. Manter a língua, a
religião, o tipo de roupa e de comida constitui um meio de reforçar a
identidade.
Minoria étnica
Na França, sobretudo nos
arredores de Paris, vivem muitos imigrantes africanos e seus descendentes.
Constituem minoria étnica. Muitos imigrantes que se deslocam de países pobres
para países desenvolvidos são tratados de modo discriminatório. Desenvolvem com
isso um sentimento de que constituem uma minoria. Suas características físicas,
sua língua, sua religião e seus costumes fazem com que sejam separados da
sociedade principal e tratados de maneira diferente da maioria dos cidadãos. Sempre
que um grupo de pessoas nutre um sentimento de constituir uma minoria,
significa que existe outro grupo que o domina e exclui. Minoria, por isso,
sempre implica subordinação e, muitas vezes, exclusão.
Os sociólogos estabelecem cinco aspectos que caracterizam uma minoria
étnica:
1º - tratamento desigual; 2º - consciência de identidade; 3º - pertencer
ao grupo não depende da pessoa; 4º -
sentimento de solidariedade grupal; 5º -
casamentos endógamos – entre membros do grupo.
Confrontos de etnias
Genocídio
As práticas de genocídio e de
extermínio em massa foram executadas por povos que se consideravam portadores
de elevados níveis culturais e civilizatórios. Genocídio é entendido o
extermínio explícito e predeterminado, geralmente patrocinado pelo Estado, de
uma população considerada etnicamente diferente e capaz de representar algum
tipo de ameaça ao grupo dominante. Ex.:
O holocausto, onde o governo nazista da Alemanha mandou acabar com todos os
judeus.
Expulsão
É a remoção forçada de uma
população de um território reclamado pelo povo expulsor; constitui um evento
resultante de conflito étnico e foi muito comum ao longo dos séculos. Ex.: Os hebreus foram
expulsos da Palestina e levados como escravos para a Pérsia. No território
brasileiro, à medida que a agricultura abria espaço em direção ao interior, os
povos indígenas eram expulsos e obrigados a fixar-se em áreas cada vez mais
remotas.
Escravização
Praticamente todos os povos antigos praticavam
a escravização. O sistema socioeconômico das cidades-Estado gregas e da Roma
antiga baseava-se no trabalho escravo. Povos vencidos em guerras eram
sistematicamente escravizados. A pessoa escravizada tornava-se propriedade do
escravizado, mercadoria ou bem a ser explorado e comercializado. Na época moderna, a escravidão voltou-se com
grande força contra povos da África. A partir do século XVI e até meados do
século XIX. Um grande número entrou no Brasil, onde a escravidão só foi abolida
em 1888.
Segregação
Grupos raciais minoritário podem
segregar-se voluntariamente ou ser segregados pela força do restante da
sociedade. Pela segregação, os membros do grupo segregados ficam separados
fisicamente dos outros grupos raciais ou do principal grupo racial. No final da Idade Média, em algumas cidades
europeias, formaram-se guetos(fora da cidade), onde viviam segregados os
judeus. Nos EUA, os amish mantêm-se
segregados voluntariamente em áreas nas quais vivem de maneira totalmente
diferente do restante da sociedade em torno. No Brasil nunca houve uma política oficial de
segregação de algum grupo étnico. No entanto, na prática existe uma segregação
de natureza, sobretudo econômica, pela qual as famílias pobres acabam tendo de
viver em áreas desvalorizadas e afastadas.
Assimilação
É o processo pelo qual uma pessoa
renuncia a sua tradição cultural como primordial e única para incorporar-se a
outra cultura. Geralmente é adotada por um grupo pequeno que deseja integrar-se
aos padrões de um grupo dominante para com isso poder ascender socialmente. É
uma tentativa de torna-se indistinguível no meio da outra sociedade. No Brasil, o processo de miscigenação sempre
ocorreu, mas no período colonial ele se dava por imposição do dominador branco,
que forçava mulheres negras e indígenas ao intercurso sexual.
Como vemos o outro?
Durante milhares de anos, a
humanidade foi se dividindo em numerosos grupos e cada grupo passando a se julgar
diferente dos outros. No momento em que um grupo passou a ver o outro não
apenas diferente, mas também como inferior, nasceram as mais abomináveis forma
de relacionamento que marcaram (e ainda marcam) a humanidade: o racismo, o
estereótipo, o preconceito e discriminação.
Racismo
O racismo consiste em considerar
um grupo humano com inferior devido a certas características físicas. Baseia-se
na falsa ideia de que existem raças biologicamente superiores e raças
biologicamente inferiores. Geralmente é a cor da pele o elemento mais influente
na formação da mentalidade racista.
Estereótipo
Conceito infundado sobre um determinado grupo
social, atribuindo a todos os seres desse grupo uma característica,
frequentemente depreciativa; modelo irrefletido, imagem preconcebida e sem
fundamento; É um tipo de julgamento que as pessoas mantêm sem investigar se é
verdadeiro. Em geral, não tem nada a ver com a realidade e pode ter surgido há
muito tempo.
Preconceito
Os sociólogos dizem que é um
julgamento antecipado a respeito de uma pessoa, baseado nas características (estereótipos)
do grupo do qual pertence. O etnocentrismo é considerado um dos principais
fatores que, historicamente, tem gerado preconceito.
Discriminação
É o ato de tratar de maneira injusta uma
pessoa pelo fato de pertencer a determinado grupo racial ou étnico. Na Alemanha
nazista, os judeus, por mais honesto e cumpridores da lei que fossem, foram
privados de todos os direitos – inclusive direito à vida – pelo simples fato de
pertencerem a um grupo étnico diferente do grupo dominante.
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